sexta-feira, 1 de abril de 2011

MÚSICA, CULTURA E SOCIEDADE...


Num dos meus “roles” na rede encontrei esse artigo muito bem escrito que reforça o argumento que defendi na postagem O FIM DA INOCÊNCIA.

É um pouco longo, mas vale apena ler. 

“Prepare o seu coração, pra as coisas que eu vou falar… E posso não lhe agradar…”
(Geraldo Vandré; Disparada)

A música, de alguma forma, expressa o grau de desenvolvimento cultural e os problemas sociais das sociedades em que surgem, nos dando indícios, inclusive, do momento e do contexto socioeconômico que determinadas sociedades estão passando ou passaram. Na sociedade brasileira, na baiana, sobretudo, não poderia ser de outra forma.

No carnaval de Salvador, a música mais tocada – inclusive agraciada pela sociedade baiana, foi “Liga da Justiça”, cantada na folia momesca (e antes e depois, também) por várias pessoas de todos os credos, de todos os níveis culturais, enfim, de todas as castas, sem observarem as maléficas mensagens subliminares que são implantadas nas nossas crianças e jovens em processo de formação do caráter e de personalidade.

Ora, sem me remeter ao viés de imposições capitalistas e culturais, nem a pensamentos xenofóbicos, Superman e Mulher-Maravilha são super-heróis e, como tais, ícones da infância da maioria das pessoas que cantaram em alto e bom tom suas derrotas e fugas, sem falar que a “Liga da JUSTIÇA”, que é um grupo de super-heróis é também um ícone representativo do bem, que combate o mal, “tá toda dominada” (aí me lembro, de imediato, de um refrão, também “inocentemente” criado nos morros cariocas: “Tá dominado, tá tudo dominado…”).

Assim, chego à conclusão que a nossa música está, além de pessimamente composta, apológica ao crime, ao mal, afinal, Lex Luthor e Pinguim (que inclusive cometeram crime: “roubou (sic) o laço da mulher-maravilha”) não são, nem nunca foram, os mocinhos dessa história.
Desse modo, só posso interpretar que o Superman e Mulher-Maravilha são todas as pessoas que funcionalmente, ou não, deveriam promover o bem na sociedade – policiais, professores, promotores, magistrados, padres, pastores, dentre outros, que diante da crescente escalada de violência na nossa sociedade, estão fugindo amedrontadas, eximindo-se de exercerem o seu poder-dever para combaterem o mal e silenciando-se ante a morbidez social, o que causa bastante preocupação.

Parafraseando Martin Luther King: “O que me preocupa não é o grito dos maus; o que me preocupa é o silêncio dos bons!”, conclamo a todos, os bons, a não nos calarmos, a reclamar (aí me lembro de boa música, por sinal de um baiano: “Eu também Vou Reclamar”, de Raul Seixas) diante dos crescentes números de morte de jovens que são triturados, moídos pelo sistema – me vem à memória: “… Moinho de homens, que nem jerimuns amassados, mansos meninos domados, massa de medos iguais…” (Raimundo Sodré; A Massa) – que são abatidos e da aceitação disto como natural.

Faço um chamamento direto ao poder público constituído, aos seus integrantes, nós, funcionários públicos em geral, a sociedade civil organizada, a todos de bom coração, para assumirem uma postura mais ferrenha, não somente contra a má musica, pois esta é um reflexo da atual valorização dos violentos, da inversão de valores que impera na nossa sociedade. Mas, principalmente, contra estes e outros males e que tem sua gênese na ausência do Estado, no silêncio e na omissão daqueles que tem a obrigação de levantar não somente a voz, como também o escudo e a espada, para combater diretamente qualquer afronta ao bem comum, à convivência social harmoniosa.

Por fim, só me resta pedir aos céus proteção, pois diante desta denúncia da má qualidade da música baiana atual e dos males que afligem nossa sociedade, estou passível de ser “derrubado”, como, infelizmente, me lembra outra péssima música e, também, apológica ao crime: “Vai seu (todos cantam ‘SER’) derrubado, vai, vai, vai… Caguete (sic) descarado…”. E, “Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores” (olha aí: Geraldo Vandré novamente), antes que me taxem de fundamentalista extremista, e totalmente contrário à música atual e baiana, cito como menção honrosa, e como comprovação que ao menos a música baiana e brasileira ainda tem salvação, a boa música “Firme e forte”, por sinal, do mesmo autor de “Liga da Justiça”, o cantor e compositor Márcio Vitor que, como afirmado no início do texto sobre música, retrata problemas sociais vistos na nossa sociedade. E eu “estou firme e forte nessa batalha”!

*Fabiano Santos é estudante de Direito e Aluno-à-oficial da APM, atualmente no 2º ano.


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